domingo, 23 de setembro de 2012

UMA VIDA PARA O DESIGN

Aos 85 anos, e há quase 60 criando móveis, o arquiteto e designer
Sergio Rodrigues é sinônimo de um acervo sempre atual.
Foto: Marcos de Paula/AE


Perguntado sobre sua idade, o arquiteto e designer Sergio Rodrigues brinca: “Sempre tenho que fazer as contas, nasci em 27”. Então, são 85 anos – completados ontem, 22 de setembro de 2012 – e quase 60 deles dedicados ao desenho de móveis que ajudaram a traçar o caminho do mobiliário moderno nacional.

Desde a estreia, com o banco Mocho, de 1954, ele mostrou ser incansável na produção de móveis que tanto poderiam estar em casas quanto em palácios do governo ou suntuosas embaixadas, como a do Brasil em Roma.

Ainda nesse começo de carreira criou uma das peças mais icônicas do design nacional, a poltrona Mole – objeto de desejo de muitos e copiada por tantos outros.

Feita não para se sentar, mas para se jogar sobre ela, a Mole tem uma robusta base de madeira, antes jacarandá, agora tauari, percintas de couro e um almofadão solto. Mas a primeira Mole não tinha o revestimento de couro que se vê hoje e, sim, de um tecido artesanal.

Foi com ela que Sergio Rodrigues conquistou espaço no exterior, depois de ganhar um concurso internacional na cidade italiana de Cantù, em 1961.

Cinco anos mais tarde, uma loja em Carmel, na Califórnia, vendia exclusivamente sua marca Oca. “A demanda era tão grande que não conseguimos atender”, conta. A loja californiana fechou em 68.


Com o crescente interesse de estrangeiros pelo Brasil, os móveis de Sergio Rodrigues ganharam projeção na Europa e Estados Unidos nos últimos anos.

Em 2011, ele ganhou um andar só com peças suas na loja Espasso, em Nova York, especializada em móveis brasileiros.

Por aqui, o interesse por seu mobiliário nunca desapareceu, mas ganhou força depois que começou a ser produzido pela Lin Brasil, que vem reeditando muitas das peças que antes só podiam ser compradas em antiquários, leilões ou lojas de móveis usados.

Uma das mais recentes reedições é a poltrona Lia, de 1962, criada para uma segunda empresa do designer, a Meia Pataca. “Queria oferecer móveis com desenhos mais simples e preços mais baixos, mas com a qualidade da marca principal.”

Foram tantos os desenhos que ele diz não saber ao certo quantos viraram móveis mesmo.

“Foram cerca de 1.200, segundo a conta de Maria Cecilia Loschiavo dos Santos”, diz ele em referência à filósofa e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, que escreveu um livro sobre seu trabalho lançado em 2001 e esgotado (leia depoimento abaixo da galeria de fotos). “Um dia ela me procurou para uma conversa que acabou durando mais de 20 anos.”

Atualmente, ele tem ido menos ao ateliê, em um sobrado que ocupa desde o início dos anos 70, em Botafogo, no Rio.

“Agora, só trabalho na hora que quero.” E ele se refere não só às atividades como designer de móveis, mas também como arquiteto – desenvolveu um sistema de casas pré-fabricadas misto de madeira e alvenaria – e designer de interiores, área em que contava com a parceria da filha Verônica, morta em março. Mas essa afirmação de independência não chega a ser novidade.

“Sempre fui cliente de mim mesmo. Faço o que quero, não tenho de dar satisfação a ninguém”, disse mais de uma vez.


Depoimento: Maria Cecilia Loschiavo dos Santos*

O sonho e a cidade dos sonhos
Graças a uma bolsa da Fapesp, nos anos 1970 tive a rica oportunidade de entrevistar os grandes criadores do móvel brasileiro.

A pesquisa se realizou no âmbito do meu mestrado e depois virou livro, que espero reeditar, pois a primeira edição está esgotada.

Sergio representa muito para o design brasileiro. Essa cabeça inquieta e criadora, com suas preferências e perplexidades diante de um mercado de design muito acanhado nos anos 50.

Ele ousou e realizou seus sonhos. Depois participou de um sonho maior, a construção da cidade dos sonhos de Oscar Niemeyer e Lucio Costa.

Sergio sempre diz que fez móveis para os palácios, para habitar os espaços fluidos dos edifícios de Brasília. Esses edifícios reúnem os móveis de Anna Maria Niemeyer, Joaquim Tenreiro e Sergio Rodrigues.

Naquele tempo nem se falava de sustentabilidade e o uso do jacarandá dava a tônica, com sua riqueza de tons e de texturas.


Uma de suas principais criações foi a poltrona Mole: jacarandá, couro, exuberância e brasilidade. Essa poltrona lhe valeu um premio na Itália e muita cópia nas empresas nacionais.
Mestre Sergio, parabéns pelo seu aniversário e obrigada pela interminável conversa, que começou em seu ateliê numa rua tranquila de Botafogo!
* FILÓSOFA E PROFESSORA DA FAU-USP, É AUTORA DO LIVRO ‘SERGIO RODRIGUES’, DE 2001

 
Fonte: www.estadao.com.br - Marina Pauliquevis – O Estado de S.Paulo
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

A OUSADIA DO DESIGN ITALIANO
 
NESSA URBANA REVOLUCIONÁRIA
 
Os italianos da Rizoma não economizaram nem
inteligência nem ousadia nessa urbana single speed
de alta classe.
 
Não é fácil criar o novo em um produto
tão amplamente comprovado como a bicicleta.
 
Mas a Rizoma conseguiu. Optou por eliminar o tubo
que liga o selim ao eixo de centro criando um design
limpo e harmônico.
 
E usa uma correia dentada no lugar da tradicional
corrente, uma solução que vem se mostrando cada
vez mais presente nas bicicletas sem câmbio.
 
A bike é feita de alumínio e fibra de carbono.
Segue a linhas das urbanas naked (apenas um freio
dianteiro) que cada vez mais tomam as ruas das grandes cidades.
 
E custa 3.700 euros.
 
Melhor que escrever é olhar. As imagens falam por si.
 
Maiores informações no site da Rizoma.

Rizoma - Nova bicicleta italiana




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COM PORTLAND SOBRE MOBILIDADE
 
O portal Eu Vou de Bike publicou recentemente uma interessante reportagem a respeito da cidade de
Portland, nos Estados Unidos, uma das poucas
cidades norte-americanas a optar por um plano
integrado de transportes.
 
Portland, como afirma a reportagem, é um ótimo
exemplo de cidade que se preocupa com a bicicleta
como meio de transporte.
 
E essa preocupação não surgiu de um dia para outro,
ela veio se consolidando ao longo dos últimos 30 anos.
Ou seja, independente do prefeito no cargo, a política
pública relacionada à bicicleta não foi alterada.
 
Jundiaí pode, com certeza, aprender com Portland.
 
Para mostrar como foi a implantação de
vias cicláveis – ciclofaixas, ciclovias,
ciclorrotas – na cidade, o site Bike Portland
divulgou um mapa animado mostrando a
construção dessas vias ao longo do tempo.
 
No vídeo abaixo, as vias rosa mostram as vias que
estão fora do sistema viário (parques, trilhas, etc).
As vias verdes são os chamados 'bike boulevards',
um tipo de rua com certas restrições para
veículos (algo parecido com a ideia de ciclorrota).
As vias azuis são as ciclovias e ciclofaixas.
 
Fica bem fácil de perceber o quanto a cultura
da bicicleta evoluiu por lá.
 

A cidade, que tem 500 mil habitantes, conta com
cerca de 15 mil pessoas que se locomovem
exclusivamente usando a bicicleta, um número
ainda pequeno, mas impressionante se
considerarmos a cultura das cidades
americanas, exclusivamente
voltada aos carros.
 
Portland, digamos, é um pouco maior que Jundiaí.
É possível comparar.
 
De acordo com a Bicycle Transportation Alliance,
uma organização que incentiva o uso de bicicleta
em Portland, cerca de 2,1 milhões de quilômetros
são rodados mensalmente pelos ciclistas da cidade.
 
O que explica essa predisposição à bicicleta em
um país que sempre priorizou os veículos?
 
Além de Portland não ser muito grande, o que ajuda
nas locomoções de bicicleta, a cidade conta com
uma infraestrutura espetacular para os ciclistas.
 
Paraciclos em cada esquina, estações de aluguel
de bicicletas, ônibus que levam as bicicletas
em racks instalados na frente do veículo, limite
de velocidade reduzido na maioria das ruas.
Além de, é claro, a implantação da massa
cicloviária que você viu
no vídeo acima.
 
Algo parecido por aqui?
 
Ou seja, a cultura da bicicleta pode muito bem
ser criada em uma população que não estava
acostumada com a bicicleta como meio de transporte.
 
Basta dar estrutura e segurança para o ciclista, que a
demanda reprimida sairá às ruas para pedalar.
Isso é bem fácil de perceber em Jundiaí quando, aos
finais de semana, milhares de pessoas se aventuram
pelas ruas, trilhas, na ciclofaixa da Luiz Latorre
(por que não na 9 de Julho, a icônica avenida
jundiaiense?) e na ciclovia que liga o Jardim
Botânico ao Parque da Cidade.
 
De segunda a sábado, no entanto, a cultura da
bicicleta em Jundiaí está restrita a quem usa a
bicicleta porque não tem outra opção e não por
quem opta por um transporte mais saudável.
 
No vídeo abaixo um pouco mais sobre a
bicicleta na cidade de Portland.
Como diz o vídeo, “o jetpack já existe.
 
É a bicicleta. Nós somos uma cidade de 20 minutos.
Nenhuma loja de donut é longe o bastante.
Todos os horários de compromissos são fáceis
de ser cumpridos”.
 
Roll On, Oregon from
Bicycle Transportation Alliance on Vimeo.

Em Jundiaí, o movimento Bicicletada elaborou em
2009 um Plano Cicloviário para a cidade que tinha
como objetivo apresentar metas que
proporcionassem aos ciclistas mais segurança e
estrutura, tanto educacional como viária.
 
Segundo o site do movimento, após reuniões na
Prefeitura Municipal para a apresentação do plano e
discussão sobre melhorias no transporte público das
vias para que os ciclistas pudessem trafegar
com mais segurança pela cidade, foi divulgado à
população um mapa contendo as rotas que
deveriam ser beneficiadas com ciclovias nos
próximos anos.
 
De fato, desde então, pouco foi feito para
se criar uma cultura a bicicleta como meio de
transporte. O próprio movimento
Bicicletada em Jundiaí tem pouca
representatividade, sem força para pressionar
o poder público.
 
O Plano Cicloviário continua a ser uma carta
de intenções.
 
Plano Cicloviário

Visualizar Plano Cicloviário em um mapa maior

Na foto as faixas exclusivas para bikes em Portland. Solução simples.

Fonte: O post O que Jundiaí pode aprender com Portland sobre mobilidade
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