AMBIENTES INTEGRADOS: PARA
QUEM É BOM?
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Nos últimos 10 ou 12 anos, a bola da vez no mundo da arquitetura e do design de interiores é a integração dos ambientes. Integrar virou palavra-chave, mágica. Lá no início dos anos 1990, essa questão era mais tímida, digamos assim, mas já havia um movimento consistente de que a tal integração não era algo passageiro, que viera para ficar.
Dos anos 2000 para cá, deixou de ser uma tendência para virar quase uma regra: não há quem não sonhe em ter uma cozinha gourmet integrada à sala de jantar ou estar ou os três ambientes num plano só. Há quem vá mais longe ainda: quer o banheiro dentro do quarto, sem nenhuma parede "para atrapalhar" e com tudo o que tem direito: banheira, ofurô, bancada com duas pias, dois chuveiros, duas bacias e por aí vai. Alguém pode me dizer para onde vão os vapores, cheiros, cabelos e outras coisas chatas de falar, mas que são intrínsecas ao funcionamento e à higiene do corpo humano? E a privacidade entre o casal? Eu sou do tipo que não abro mão disso.
Mas, pensando com a parte racional e lógica do cérebro, esse excesso de integração não seria um tanto quanto exótico para uma residência "comum", onde convivem pai, mãe, filho, filha, enteado, avô, avó, gato, cachorro, papagaio...? Jogo essa questão à discussão.
LIMITES - Não que eu seja contra a integração. Muito ao contrário (minha própria cozinha e sala de jantar são assim). Mas acho que há limites a serem preservados. Caso contrário, fica um ambiente de revista ou daqueles que vemos em mostras de decoração. Tudo lindo, mas inviável para o dia a dia.
Lembro que uma colega de classe do IED (Instituto Europeo di Design), a Angela, provocou a maior discussão quando o assunto integração veio à baila. Na época (faz uns dois anos), ela achava inconcebível integrar, por exemplo, cozinha e sala de jantar/estar. Intrigados, perguntamos por quê, já que integração já era a cereja do bolo da maioria dos projetos de designers de interiores no Brasil e no mundo e 99,9% dos clientes desejavam.
Sua argumentação foi bem plausível. Na casa dela - um belo apartamento de um por andar no tradicional bairro de Higienópolis, na capital paulista - as conversas são dão ao redor da mesa, não necessariamente da cozinha. Quando ela tem assuntos privados a tratar com o marido e os filhos (isso acontece todos os dias), não quer a diarista por perto. E a moça fica lá, servindo a mesa, lavando louça, preparando os pratos, seja no café da manhã, no almoço ou no jantar.
"Há coisas que dizem respeito apenas à minha família", disse Angela, uma engenheira civil paulistana. Por isso, na casa dela, mesmo depois de uma grande e longa reforma que ela encarou sozinha, a cozinha (e a copa) continua nos moldes tradicionais, fechada com paredes de alvenaria e com a bagunça distante dos olhos da família e das visitas. Aliás, ela também acha imprescindível acomodações para a diarista, que dorme no emprego - coisa que, hoje, nem todas as famílias desejam.
O caso de Angela não é isolado. Outras pessoas têm raciocínio semelhante ao dela. Mas, o fato é que não dá para ignorar especialistas e pesquisas feitas por institutos conceituados no mundo inteiro (como os portais de tendências WGSN e HBL), que mostram que o jeito de morar do brasileiro mudou. E muito.
PLANEJAMENTO - Se não dá para negociar ou fugir dessa realidade - que eu aprovo -, o jeito é encarar o processo com bom humor e uma boa dose de planejamento. É essencial que móveis e eletrodomesticos sejam bem bacanas, lindos, já que ficarão expostos a todos.
Uma coifa potente é imprescindível para que o cheiro do preparo dos alimentos não invada todo o resto da moradia. Outra coisa legal, quando o layout permite, é ter aberturas generosas, seja em janelas ou portas de correr de vidro (se der para um jardim, tanto melhor).
O uso de elementos têxteis, como aquele lustre pendente maravilhoso e exclusivo que você amou deve ser evitado. Se você não abrir mão dele, pense em como vai mantê-lo limpo e protegido da absorção da fumaça, da gordura, do pó. Materiais fáceis de limpar facilitam a vida.
Se você (e sua família) não é do tipo organizada, opte pela instalação de uma porta de correr de vidro, que pode ser adesivada ou serigrafada com desenho personalizado. É uma opção interessante quando o projeto permite e evita situações desagradáveis, como receber uma visita de surpreza justo quando a cozinha está aquela bagunça. Nesse caso, é só puxar a porta e isolar o cômodo.
Enfim, projetos integrados devem ser práticos e belos. Quando o espaço para isso é generoso, as probabilidades de um layout ainda mais belo e confortável são maiores.
Veja a seguir uma sequência de fotos que selecionei sobre ambientes integrados e adapte-os - ou os copie - na sua moradia. No mais, seja feliz com sua casa!
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