segunda-feira, 4 de junho de 2012

CASA COR SÃO PAULO: MODA, ESTILO, TECNOLOGIA E UM POUCO DE CONFUSÃO

Como eu disse num post anterior, a Casa Cor São Paulo cresceu tanto que, mesmo com muita atenção, é fácil perder uma parte da mostra. Eu mesma - que frequento Casa Cor há mais de 15 anos - zanzei pelas ruas e labirintos do Jockey Club achando que tinha visto tudo e, quando cheguei em casa, descobri que deixei de ver um naco, ainda que, neste ano, a administração do evento tenha tentado facilitar os caminhos que o visitante percorre. Sem muito sucesso.

Mas, o que me deixou mais inquieta foi a própria mostra, que me pareceu meio sem rumo. Um dos profissionais, por exemplo, reuniu num mesmo ambiente ladrilho hidráulico, vidro, espelho, LED, laca e madeira rústica. O resultado foi, no mínimo, duvidoso.

Talvez pelo próprio tema da mostra deste ano - Moda, Estilo e Tecnologia - os profissionais tenham ido além do bom senso. Chegou-se a uma miscelânia fashion e existencial que mistura o melhor do design mundial com companhias nem sempre a altura. Para alguns, a interpretação é: o fim da "ditadura" de estilos. Para outros, eu inclusa, um certo mau gosto, um excesso de ecletismo. Bem, tudo o que é muito novo choca e repele num primeiro momento. Depois, as coisas vão se acomodando até que, um dia, vira febre entre clientes e decoradores. Vai ver é assim agora também.

Outro ponto mal resolvido na mostra deste ano foi o paisagismo. Não existe um jardim de encher os olhos, que o deixe com aquela sensação de satisfação, que você queira estar nele. E, cá entre nós, aquela escultura feita em homenagem a Gisele Bündchen... hummm... estranha, não?

Alguns ambientes, no entanto, vale tirar o chapéu. Eu listei alguns, mas isso não tira a importância dos outros e nem deve inibir a sua visita. Tem que ir para ver o que é bonito para você. Este blog reflete a minha opinião e muita gente pode discordar dela, o que é saudável. Como designer de interiores, eu me sinto na obrigação de externar aquilo que vi.

EM TEMPO: não dá para deixar de notar o uso de peles, muitas peles, em quartos e livings, e cabeças de bichos pregados na parede. São veados, elefantes, ursos e outros bichos empalhados, muito comuns de se ver em casas nos Estados Unidos. Só que agora eles são de papelão recortados.

Então, vamos aos melhores ambientes, segundo meu ponto de vista:

A imponente Casa do Jatobá marca a volta da decoradora Débora Aguiar à Casa Cor. Bancado pela Todeschini, o projeto tem seus pontos fortes no aconchego sóbrio e em alguns elementos naturais traduzidos para a linguagem mais comedida de sua autora. Predominam tons de gato siamês - manteiga, bege, marrom, camurça, café, camelo, madeira. Uma combinação clássica, elegante e atemporal. O ambiente merece vista apurada do visitante. São espaços generosos (300 m2 no total), nos quais Débora criou living, home theater, biblioteca com home office, cozinha gourmet, sala de jantar, suíte master, banheiro e jardim. Aliás, todo o ambiente é pontuado por jardins e luz natural. Confira.
 


















Parecem duas, mas estamos diante de uma foto apenas. O estilista e designer Jum Nakao apostou numa experiência sensorial completa ao propor um espaço metade quarto, metade copa – o primeiro, inspirado no outono, e a segunda, no inverno. Complementares como as estações, embora contrastantes, os ambientes têm móveis, luminárias e tapeçarias assinados pelo autor. Um som de bosque complementa o clima, oferecendo um merecido repouso aos visitantes da mostra. “A proposta que queremos apresentar aos visitantes é que eles estão entrando em um sonho. A partir daqui, não é mais o ambiente da Casa Cor, mas um outro espaço. É como se nos transportássemos para um bosque”, explicou Jum antes das portas serem abertas.

A primeira visão é a de uma grande cortina de papel, atrás da qual luminárias projetam sombras de folhagens e animais. O papel é sanfonado para tornar a luz difusa e gerar um efeito de névoa. “Não queríamos que as pessoas vissem o ambiente todo imediatamente; queremos que, aos poucos, elas se aventurem a entrar neste bosque e ’se percam’”, explicou Jum. “É como um jardim japonês, em que você vai descobrindo aos poucos, nunca vê o todo. Então o visitante entra, para, admira determinado elemento, sucessivamente”.









O Loft bolha, do arquiteto Léo Shehtman,  é baseado nos conceitos da arquitetura efêmera para se adequar a qualquer ambiente, por meio de uma estrutura itinerante que não impõem obstáculos visuais à paisagem. Com 80 m2, o projeto articula-se em três espaços: living, dormitório e banho.

A estética dos ambientes é minimalista, com predominância do branco em poltronas que foram lançadas na feira de Milão, sofá iluminado feito de espuma inflável e saco plástico, que intensificam a proposta sustentável do arquiteto.

Os ambientes integrados entre si e com o exterior (por causa da transparência da película plástica que forma a estrutura do ambiente), levam cobertura de lona cristal transparente inflável, piso em nanoglass branco, bancadas em mármore texturizado, cortinas recortadas a laser que possibilitam a criação dos ambientes, iluminação feita com balizadores de piso e arandelas em LED, que surtem o efeito flutuante ao loft.

Toda essa tecnologia contrasta com a arte milenar do origami na decoração em peças, colchas e objetos, feito magistralmente pelo atelier Naomi Uezu. Detalhe: cada flor da colcha da menina foi feita a mão, pétala por pétala, e costurada uma uma num lençól. Um trabalho que vale a pena ser visto de perto.

















A Suíte do Bebê é uma homenagem a Daniela Albuquerque idealizada pela arquiteta Mayra Lopes. O quarto é composto por bancada revestida em pedra italiana com relevos florais onde estarão a banheira em resina e o trocador que ainda ganha um painel de vidro com pequenos nichos redondos, onde ficarão as toalhinhas e os acessórios. Os módulos das estantes que vêm no formato das bandeirinhas de Alfredo Volpi, idealizados pelo artista carioca Rudi Sgarbi, balanço com alças trabalhadas em flores artificiais.






Moderna e funcional, a lavanderia projetada por Andrea VasconcelosLaila de Sá, foi desenvolvida com materiais sustentáveis e recicláveis. A área é ampla, confortável e prática.Um balcão em forma de ilha com múltiplas funções embute tábua de passar, ferro e outros utensílios. Serve também como apoio para as roupas e deixa o espaço organizado, além de liberar a circulação.




Fotos: divulgação e arquivo pessoal desta designer.






  

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