quinta-feira, 17 de maio de 2012

STEP BY STEP, ESCOLHA UMA

 ESCADA 

Hoje o assunto é escada – o que me remete a um tempo em que eu era criança e morava numa casa que tinha uma escada enorme, de concreto, dessas simples, sem revestimento, estreita e muuiito comprida. Ela ficava fora da casa. Ligava uma espécie de hall da cozinha ao quintal e, no meio do caminho, no lado esquerdo do primeiro patamar, havia uma lavanderia imensa, com pé direito idem.

Curti muito aquela escada – e aquela casa. Lembro que eu e minha mãe sentávamos do meio para o fim da tarde para conversar e observar o horizonte. A vista era deslumbrante, principalmente nas tardes de abril, quando o céu fica de várias cores - vermelho, amarelo, azul, branco...

Eu devia ter uns treze, quatorze anos e, ela, uns 28, 29 (nossa diferença de idade é de apenas 15 anos!). Simples de tudo, sem nenhum atrativo, mas ficou marcada como um elemento construtivo bacana na minha vida, porque era uma passagem para o grande quintal, com suas muitas flores e árvores frutíferas, uma casinha de bonecas de alvenaria colorida, um tanque de areia, uma piscina (na verdade, um tanque de água revestido de pastilhas vermelhas que a moçada adorava) e duas balanças.

Enfim, eu poderia falar muito dessa e outras escadas que havia nas casas onde morei ao longo da minha vida, mas não quero me desviar do assunto: design.
Hoje, como designer de interiores, meu olhar para esse elemento construtivo continua sendo um tanto quanto lúdico, mas minha percepção é mais apurada.

Cores, formatos, materiais e estilos diferenciados transformam as escadas em verdadeiras peças de design - assinado ou não. Às vezes, até em esculturas, tornando-se o principal ponto de atração do ambiente. Por isso, é muito importante saber escolher o tipo que melhor se encaixa no projeto e também nas suas expectativas. Você pode até mesmo dar função extra à sua escada, como instalar uma biblioteca naquele espaço entre um patamar e outro.

Melhor do que falar, é ver os modelos que selecionei para esta matéria. Você verá que muitos deles não são aplicáveis no dia a dia de uma residência, são puro design, sem função. Mesmo assim, enchem os olhos e podem servir de inspiração para outros projetos.

Depois de ler, duvido que você não eleja pelo menos uma. Voilà!

Relíquia atualizada. Único elemento preservado do projeto original da edificação erguida em 1914 no Jardim Paulistano, na capital paulista, a escada revestida de travertino merecia ser valorizada, mas precisava de uma atualização. a solução do arquiteto Gustavo Horta foi retirar o revestimento antigo e propor uma nova cobertura ao conjunto. Sobre a estrutura de alvenaria e concreto, Gustavo aplicou um tipo de resina plástica fácil de limpar e de efeito lúdico, o Resinfloor, na cor vermelha. “a escada se tornou assim uma fita vermelha solta no espaço”, descreve ele.
Livre, leve e nada solta. Esta escada de três lances parece um brinquedo de montar em tamanho real, equilibrado na própria leveza. Sustentada pelos sucessivos degraus em balanço, ela é travada no térreo e nas lajes dos dois pavimentos que alcança. “A fixação na parede somente foi utilizada para reduzir as vibrações características desse tipo de estrutura”, explica o arquiteto Leo Tomchinsky, autor deste edifício que integra escritório e morada em São Paulo. Feita de tauari, teve todas as peças desenhadas e executadas uma a uma na marcenaria e montada na casa depois do fim da obra. “Escolhemos essa madeira por ser resistente, leve e clara”, completa. Uma grande janela, no alto da parede, a mantém iluminada durante o dia.


Traços distintos. Ao alugar o andar duplo deste edifício comercial projetado pelo mestre Paulo Mendes da rocha nos anos 80, os sócios de um escritório de advocacia encontraram o imóvel reformado. “A proposta original de amplitude e fluidez estava bem escondida”, conta o arquiteto Renan Correa Arruda, um dos profissionais do Piratininga, escritório paulistano chamado para reconfigurar o espaço, que tinha o vão da escada fechado por tapumes. A estrutura de chapa metálica dobrada tem o travamento feito pelo perfil tubular maciço que envolve a cascata. O perfil é soldado nas arestas que se formam entre as pisadas e os espelhos. Conectada à estante de livros, ela foi pintada com esmalte branco.
“Queríamos recuperar os traços de Paulo Mendes, mas deixar bem diferenciada a identidade dos nossos”, diz o arquiteto.
Volume silencioso. Para promover continuidade visual aos ambientes internos, o arquiteto mineiro Gustavo Penna e sua equipe optaram por revestir a escada social de cumaru, mesmo material usado no corredor de entrada desta casa em São Paulo. A estrutura de concreto recebeu tábuas da madeira de 1,15 m de largura (no detalhe, o desenho delicado da instalação, que tira partido dos veios naturais da madeira). “Nas laterais colocamos painéis acústicos do mesmo material que reveste toda a sala, diminuindo a reverberação do som, graças ao recheio de lã de vidro instalado na marcenaria”, descreve a arquiteta Priscila Dias de Araújo, que participou do projeto de construção da morada.
Além de ajudar na preservação do silêncio, a escada não interfere no ambiente clean com seu discretíssimo guarda-corpo de aço inox escovado.


Fluidez visual. O arquiteto felipe aceto, de São Paulo, se inspirou na loja da apple de Nova York para projetar esta escada feita exclusivamente de vidro e aço inoxidável. “O grande desafio foi a instalação das peças metálicas dentro das lâminas”, descreve. Para que o material resistisse aos pinos internos, ele foi laminado com sentryGlas, produto da DuPont que promete tornar o vidro 100 vezes mais resistente que as camadas de reforço internas convencionais, sem alterar a transparência (grande preocupação deste projeto, realizado com vidro laminado de 3 cm de espessura da Fanavid). Para garantir a precisão do corte e da instalação metálica, as lâminas foram produzidas pela linha de blindados da empresa, que trabalha com projetos mais delicados que os de construção civil.

Brilho preservado. Uma das razões da reforma desta casa paulistana, originalmente térrea, foi a necessidade de um novo andar. A escada, portanto, tornou-se uma das estrelas do processo. “A ideia original era fazê-la de concreto aparente”, conta Marina Adell, arquiteta e moradora. “Mas, por causa de um problema com a secagem, a superfície se tornou irregular e o resultado ficou insatisfatório. então, revesti a estrutura de Tecnocimento (Ns Brazil) e os degraus de cumaru, o que deu uma aparência bem leve e agradável a este espaço de passagem”, diz ela. Para prevenir riscos na madeira, Marina aplicou nas tábuas resina Bona Traffic, linha especial para áreas de trânsito constante, resistente a riscos, com semibrilho. “Acho que a fosca não daria uma aparência tão bonita”, avalia.
Esta foi projetada pelo arquiteto Gustavo Gasparoto da Costa e Silva e executada pela Serralheria Catalano, em Jundiaí. Tudo sob medida, a grande sacada desta escada é o jardim e as paredes envidraçadas. Combina bom design, iluminação natural e integração com o verde de fora da casa e com o jardim projetado por mim, com uma camada grossa de pedriscos brancos e vários vasos espalhados pelo espaço.
Escada de madeira helicoidal. Essa tem bastante personalidade.
Esta ganhou uma bela função: biblioteca. Toda branca, transmite levesa, equilíbrio e harmonia.

Como que levitando no ar, esta escada em balanço em um lance só é também uma escultura. Degraus grossos, madeira maciça, iluminação pontual e, notem, não há corrimão.

Escada bancada. Não só parece uma bancada: parte dela é a bancada. Inovador– mas como será que fica com o uso?

Para este modelo, o pé direito precisa ser muito alto. Aqui, em vários patamares, feita em madeira teca.

Inusitada, cada degrau é uma gaveta. Note a luz lateral. Boa ideia para uma escada desse tipo.


Mostro esta escada por ser diferente, mas não se aplica a residências. Mas, já pensou uma rolante tão colorida quanto essa num shopping ou outro tipo de empreendimento comercial? Levanta o astral, não?
Aqui, de novo a função de gaveteiro, mas de outro jeito.

O fundo virou um pequeno armário escalonado.

Criativa, faz a função de estante de um modo inovador.



Escada diagonal, design de Gabriella Gustafson e Mattias Ståhlbom. Permite subir em ângulos mais acentuados que escadas tradicionais, portanto é uma opção para economizar espaço.

Gaveteiro lateral. Outra forma de fazer gavetas em uma escada. Esta na verdade é meio esquisita, nem ficou tão bonita. Passinho a frente, por favor. Vamos continuar e ver as outras.

Escada estante. Degraus alternados permitem subir mais rápido: pé-direito, pé esquerdo. Remete à escada projetada por Santos Dumont para sua própria casa. O problema é que o espelho é muito alto e a pisada se torna bem incômoda. Só para os muitos jovens.

Estante que é uma escada. Para você alcançar aquela última prateleira…
Mais uma escada estante. Na cor fumo. Bonita, fina e elegante.

Biblioteca dentro da escada

Escada adega (sai do chão da cozinha e não vai a lugar nenhum: só guarda as garrafas no subterrâneo). Claro que não serve para quem mora em apartamento. Guarda até 1.600 garrafas.

Escada lareira. Veja só, o truque é esconder os degraus de cima!

Escada buffet, escada balcão (ou seja lá como se pode chamar esse tipo de móvel). Original., no mínimo.

Escada janela, feita de vidro para entrar a luz.

Escada divertida: combina escorregador com degraus. Desenhada por um arquiteto de Londres, Alex Michaelis, para seus filhos (que adoraram).

Escada pendurada no meio da sala (genial). Da firma de arquitetura holandesa MVRVD.

Escada de cabeça para baixo. Usa o mesmo conceito da escada pendurada. Fica em Battersea, Londres (UK).

Mini escada. Sim, os degraus alternados (pé direito, pé esquerdo) realmente economizam espaço. Aqui fica claro. Porém, não deve ser nada confortável.

Escada sensualmente curva, de madeira.

Escada com degrau gangorra. Moderna e diferente.

 
Escada metálica simples e elegante.

Escada metálica não tão simples. Desenhada por Thomas Laurens, em Amsterdam, Holanda.

Escada toda de vidro — como andar no ar. Fica na Apple Store da 14th Street, em Nova Yorque, EUA.

Escada estilo hélice de DNA. Note o corrimão flutuante. Design de 2003, por Ross Lovegrove.

Dramática escada caracol, por Francesc Rifé, de Barcelona.

Famosa escada flutuante, desenhada por Jordi.

Escada suspensa, como uma ponte pênsil. Ou pelo menos essa é a ilusão ótica. É chumbada na parede como a flutuante anterior.
Escada pedestal, de desenho australiano da Woods Marsh Architects.

Escada colorida, como uma pintura tridimensional na parede.
Escada orgânica. Parece uma escultura de Gaudi.

  Escada ondulada: suba nas ondas! Fica na Longchamp Store, na cidade de Nova Yorque (EUA).

Por fim, uma escada em puro estilo Art Nouveau. Fica no Hôtel Tassel, na Bélgica.

Fonte: Casa Cláudia, Casa & Jardim, Casa & Construção, Portal Arquitecasa, Internet.